A temática da
autenticidade e da transparência na rede levanta várias questões que vou
procurar abordar de forma sistematizada, considerando três perspetivas que
considero abrangentes, mas complementares:
- A questão ética
- A “tentação” do plágio e sua deteção e prevenção
- Autenticidade e transparência nas redes sociais
A questão ética
encontra-se sempre por trás das questões da autenticidade e da transparência,
tanto na rede, como na vida. Se, por um lado, eticamente devemos ser autênticos
e transparentes, por outro, sabemos que essa postura na rede nos pode trazer
dissabores pois, não só os valores éticos não são transversais a todas as
culturas, como também não são lineares numa mesma comunidade. Por outro lado,
uma postura ética é sempre reconhecida pelos outros cibernautas, sendo que
estes exercem também de alguma forma, um controlo sobre a informação
disponibilizada conferindo-lhe credibilidade. Veja-se o caso da Wikipédia, onde
qualquer pessoa pode criar uma entrada com a informação que desejar, mas que
tem primeiro que passar por um “filtro” de editores que determinam a sua
veracidade, sendo que esta tem tanta exposição a nível global, que facilmente
pode ser controlada pelos utilizadores da rede. Isso não impede que não haja
situações duvidosas e até caricatas: recentemente, a Wikipédia anunciou que
retirou do “ar” uma entrada sobre uma suposta guerra entre a Índia e Portugal
que teria acontecido no século XVII, que se veio a revelar totalmente falsa.
Apesar disso, essa entrada da Wikipédia esteve online durante cerca de 5 anos,
pois tinha sido tão bem fundamentada que os editores consideraram-na verídica,
até que um conjunto de historiadores a veio desmentir.
Neste seguimento, a
verificação da informação encontrada é uma questão fulcral para a sua obtenção
de forma credível e fundamentada.
Por outro lado, frequentemente nos deparamos na
rede com situações em que nos tornamos involuntariamente “violadores” dos
direitos de autor, apenas por desconhecimento do que deve ou do que não deve
ser partilhado na rede. Mas, também frequentemente, encontramos situações de
plágio, mais ou menos encapotado. Para detetar essas situações, existem já
diversos motores de busca que constituem uma boa ferramenta, embora não sendo
infalíveis. Alguns deles estão agregados aqui:
No entanto, para combater esta “tentação”, há que
promover uma mudança de mentalidades, seja através de punições, ou talvez de
forma mais profícua, através da promoção de uma cultura de valores éticos e de
códigos de honra que levem a uma alteração de comportamentos de forma
intrínseca, resultante de uma atitude preventiva face a esta problemática.
Numa perspetiva diferente, as redes sociais são
hoje uma ferramenta de utilização em larga escala, quer por utilizadores
individuais como por todo o tipo de instituições. Como todos sabemos, a criação
de perfis fictícios é, não só uma possibilidade, como uma realidade demasiadas
vezes utilizada da pior forma.
Partindo do princípio, mais saudável, de que a
maioria das identidades encontradas nas redes sociais é verdadeira, também
sabemos que lá revelamos diferentes facetas de nós próprios consoante
utilizamos essas mesmas redes com fins profissionais ou pessoais em contextos
variados. No entanto, isto não significa verdadeiramente que não sejamos
transparentes ou autênticos, pode apenas significar que fazemos na rede o mesmo
que na nossa vida quotidiana, ou seja, agimos e interagimos de acordo com o
contexto: não nos comportamos da mesma forma no trabalho, em família ou entre
amigos. Interessante é verificar como essa pluralidade pode ser ignorada quando,
por exemplo, as empresas procuram informações sobre potenciais funcionários nas
redes, inferindo informação através da atividade publicamente exposta e
relegando os contextos em que a mesma ocorre.
O perigo da autenticidade na rede, reside também
na existência dos chamados “predadores” que procuram informações para atos
ilícitos, como o roubo de identidades ou dados bancários (neste último caso, já
não em redes sociais mas noutro tipo de sites, como é sabido).
Seja como for, tanto na exposição como na busca de
informação, a autenticidade e a transparência devem ser fatores a ter em conta,
não só para obter, como para conferir credibilidade aos nossos atos ou produtos
na rede.
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